Dois caipiras vinham da vila de madrugada, de volta pra casa, bêbados até não querer mais.. Por aquela estrada de terra, um escuro danado, mal dava pra ver o caminho só pelo claro das estrelas.
Vinham cambetiando e andando em zigue zague até que chegaram ao final de uma subida e avistaram na paisagem escura uma luzinha lá na frente, e um deles disse:
— Zé, óia, luis acesa inté de madrugada, deve di sê argum niversário, né não?
O outro respondeu:
— Hum Hum! Acho não Tião, pra sê inté estas hоrа, discunfio qui é casamento.
— Sendo casamento ou não, сuм certeza deve di tê pinga tumem, ai a gente toma mais uma e dispois caba de chega em casa né?
O outro responde: _ Mais i é memo! Vamo lá!
Então os dois apertaram o passo e finalmente chegaram na porteira do sítio e notaram que tinha muitos carros estacionados no pasto antes da casa, e até comentaram: _ A festa parece das grande, eita!
Acabaram de chegar e não notaram que na verdade se tratava de um velório, e como todos estavam calmos do lado de fora da casa conversando descontraidamente, eles nem imaginavam até que o Tião disse ao amigo Zé:
— Zé, eu vô fiса aqui fora tomando uma fresca e ocê vai la dentro e trais pinga pra nois né!
— Tá bão! Disse Zé e la foi ele.
Logo depois ele voltou com duas pingas e entregou uma a seu amigo e tomaram numa talagada só, e dai Zé enchugando o beiço disse para seu amigo Tião:
— Num falei qui era casamento!
— Cumé qui sê sabe sô? Perguntou Tião.
— Ué, vai la dentro i vê o tamaim do bolo.