Uma porção de políticos viajava em um avião, quando o capeta aparece de repente e anuncia que vai derrubá-lo. Foi um corre-corre danado. Em discursos inflamados, deputados declaravam que seria uma perda irreparável para o país, senadores suplicavam por compaixão, líderes se diziam injustiçados.
Mas nada disso comovia o diabo. Até que, em determinado momento, ACM pediu a palavra, levantou-se, cochichou algo no ouvido de Satã e este último finalmente resolveu reconsiderar a sua decisão e saiu se desculpando.
Curiosos e aliviados, os políticos foram ter com ACM:
— O que foi que Vossa Excelência disse ao capeta?
— Eu disse apenas que Salvador tem prefeito, mas quem manda lá sou eu; a Bahia tem governador, mas quem manda lá sou eu; o Brasil tem presidente, mas quem manda lá sou eu..., e enfatizei:
"O senhor não se iluda, quando morrer vou direto para o inferno!"
Durante um grande comício em Salvador, certo candidato a governador do Estado empolga-se e começa a prometer mundos e fundos:
— Se eleito for, prometo construir outro HGE, farei mais um aeroporto, construirei novas estradas, instalarei uma dezena de novas fábricas, barragens, aguadas, prometo mais duas universidades federais, mais cem escolas de ensino médio e duzentas de ensino fundamental. E sabem o que isso significa, meu povo? Trabalho! Sim, isso mesmo! Trabalho e mais trabalho, empregos e mais empregos para todos os baianos...
Num canto da praça um dos ouvintes que assistia ao comício, desesperado, iniciou uma macumba das fortes com toda sorte de produtos infalíveis e dentro jogou inúmeros santinhos daquele candidato contra a sua vitória!
— Mas o que é isso rapaz, não gosta do candidato? - inquiriu alguém que passava perto.
— Gostar eu gosto, mas vai que esse desgraçado ganha.... Melhor prevenir do que remediar!
Estavam um carioca, um paulista e um baiano no boteco do Mercado Modelo, quando o carioca diz aos outros:
— Mermão, esse cara que entrou aí é igual a Jesus Cristo.
— Tás brincando! – dizem os outros.
— Tô te falando! A barba, a túnica, o olhar...
O carioca levanta-se, dirige-se ao homem e pergunta:
— Mermão, digo, Senhor, tu é Jesus Cristo, não é verdade?
— Eu? Que idéia!
— Eu acho que sim. Aí, tu é Jesus Cristo!
— Já disse que não! Mas fale mais baixo.
— Pô, eu sei que tu é Jesus Cristo.
E tanto insiste, que o homem lhe diz baixinho:
— Sou efetivamente Jesus Cristo, mas fale baixo e não diga a ninguém, senão isto aqui vira um pandemônio.
— Mas eu tenho uma lesão no joelho desde pequeno. Me cura aí, brother, digo, Senhor!
— Milagres não, pelo amor de Papai. Tu vais contar aos teus amigos, e eu passo a tarde fazendo milagres.
O carioca tanto insiste, que Jesus Cristo põe a mão sobre o joelho dele e o cura.
— Valeu, viu! Ficarei eternamente grato!
— Sim, sim, mas não grite! Vá embora e não conte a ninguém.
Logo em seguida chega o paulista.
— Aí, ô meu! O meu amigo disse-me que és Jesus Cristo, e que o curaste. Tenho um olho de vidro, cura-me também!
— Não sou Jesus Cristo! Mas fale baixo.
O paulista tanto insistiu, que Jesus Cristo passou-lhe a mão pelos olhos e curou-o.
— Ô lôco, meu! Obrigado mesmo!
— Agora vá embora e não conte a ninguém.
Mas Jesus Cristo bem o viu contando a história aos outros dois, e ficou à espera de ver o baiano ir ter com ele. O tempo foi passando, e nada. Mordido pela curiosidade, dirigiu-se à mesa dos três amigos, e pondo a mão sobre o ombro do baiano, perguntou:
— E tu, não queres que...
O baiano levanta-se de um salto, afastando-se dele:
— Aê, meu rei! Tira as mãozinhas de mim, que eu ainda tenho seis meses de licença médica!