Numa aldeia alentejana o filho chega a casa, vindo da escola, com ar choroso.
O pai pergunta-lhe o que se passa, ao que responde o rapaz:
— O professor bateu-me.
— Então porquê? - pergunta o pai.
— O professor perguntou quem tinha descoberto o caminho marítimo para a Índia e eu disse que não tinha sido eu, meu pai. - responde o rapaz.
— E foste? - pergunta o pai.
— Eu não, meu pai.
À noite, na taberna da aldeia, o pai indignado, comenta com o seu compadre que era polícia na Pide:
— Já viste isto? Amanhã tenho que ir à escola esclarecer um assunto. Se há coisa que os meus rapazes não são é mentirosos. Se o moço disse que não foi ele é porque não foi...
No dia seguinte, quando o homem se preparava para ir à escola, aparece-lhe o compadre da polícia política e diz-lhe:
— Já está tudo esclarecido, esta noite apertei com um dos presos políticos que temos engavetados e ele confessou... Foi ele que descobriu o caminho marítimo para a Índia, bem podes garantir lá a esse professor...
Uma freira está sentada a janela abrindo sua correspondência.
Ela abre um envelope dos pais dela e, junto com uma carta, há uma nota de R$ 50.
Olhando distraídamente para fora, ela vê um mendigo encostado num poste.
Ela não precisa do dinheiro, e resolve dá-lo ao mendigo.
Ela o embrulha num pedaço de papel, onde ela escreve "NÃO DESESPERE. IRMÃ ANGÉLICA", e o joga para o mendigo na rua.
Ele pega o papel, vê a nota e a mensagem, faz um sinalzinho para a freira e vai embora.
No dia seguinte a freira é chamada no portão, porque um homem quer falar com ela.
Ela vai até lá para encontrar o mendigo, com um sorriso nos lábios, que lhe entrega três notas de 100.
Ela não entende, e ele explica:
— Isto é seu lucro. Fui no Jockey e joguei os 50 reais em NÃO DESESPERE. Ele pagou 6 por 1.