Certo dia, em uma cidadezinha no interior de Minas em um boteco haviam quatro caipiras jogando cartas, quando de repente surge um carioca em sua linda pick-up. Ele entra na birosca, pede uma bebida, vai em direção aos caipiras que jogavam, soca a mesa e diz:
— Tá vendo aquela pick-up dentro dela tem um pit bull assassino.
Um dos caipiras diz:
— Óia sinhô, tenhu náda cu issu naum, máis tem um tar de cumpadi Totonho qui tem um cachorru brabu.
O carioca ao ouvir começa a rir e faz a seguinte proposta:
— Pago mil reais por um, que o meu pit bull vai liquidá-lo em cinco minutos!
O caipira levanta e vai buscar o cumpadre Totonho, de repente surge o cumpadre Totonho cheio de cana com o seu сасhоrrо leproso e cheio de bicheiras. O carioca cai na gargalhada e zomba:
— É esse bichado que vai detonar o meu pit bull?
O carioca pede ajuda de dez caipiras para retirar o pit bull de dentro do carro. Quando todos estavam preparados para a grande briga, cumpade totonho diz para o seu сасhоrrо:
— Naum vái me decepicionár naum hein meu bichinhu...
Então soltaram o pit bull que saiu em direção ao сасhоrrо de compadre Totonho, que continuava imóvel. Quando se aproximou para morder levou uma patada e caiu durо. O carioca se aproximou do cão e falou:
— Levanta meu bichinho!
Compadre Totonho respondeu:
— Uai, é ruim! Tá moito sô.
Perplexo o carioca quis comprar o cão, mas o compadre Totonho disse que não estava a venda. O carioca perguntou qual era o seu pedigree e compadre Totonho curioso perguntou:
— Uai, que isso?
O carioca falou:
— Como o senhor conseguiu esse сасhоrrо?
E Totonho respondeu:
— Ah, a muito tempo atrás teve um circo aqui, quando foi embora o dono me deu este cãozinho que eu levei pra casa e aparei a cabeleira dele!
Conversa de um casar de véios minero:
— Que horas são?
— São seis hоrа véi, vamo levantar...
— Pra que a gente levantá tão cedo se a gente num tem nada pra fazer?
— Pra proveitá a vida, uai?
— Eu proveitava a vida quando era moço e sortêro.
— Se quiser ficar sortêro é só falá!
— Eu não. A única vantagem do casamento é tê arguém pra turar a gente dispois de véio, eu queria era vortá a sê moço, uai.
— Pare de sonhá e vamo levantá pra proveitá esse dia grorioso!
— Nossa, como a senhora tá bem humorada hoje, heim véia? Sonhô com o passarin verde?
— Muito mió, eu sonhei que era o meu aniversário e eu ganhei um balaio enoooorme cheio de pinto!
— Piiiinto?
— É véio, pinto... Desses que ocê usava até um tempinho atráis...
— Mas ocê sonhou com um balaio cheio de pinto?
— Cheim de pinto; tinha pinto de tudo quanté jeito; tinha pinto grande, piqueno, fino, grosso, preto, branco, um mais bunito que o outro...
— E o meu? O meu tamém tava no balaio?
— O seu? Tava lá num cantinho incuidinho, todo ismiriguido coitadinho!
No dia seguinte:
— Boooom dia, vamo levantá minha véia, vamo levantá, vamo proveitá a vida.
— Nossa? Como ocê tá bem humorado hoje véio! Sonhô com o passarin verde?
— Muito mió. Eu sonhei que era o meu aniversário e eu ganhei um balaio enooooorme, cheio de xoxóta.
— Verdade véio?
— Verdade verdadeira! Tinha xoxóta de tudo a qué jeito: piquinininha, grandona, loira, morena, ruiva, raspada, piluda; uma mais linda que a outra.
— E me diga uma coisa véio, a minha tamém tava lá?
— Ora, craro! A sua é que era o balaio!
Em um ônibus que passava por Minas, com destino ao Rio de Janeiro, entrou um caipira com três porcos a tira-colo. Um carioca gozador que estava sentado bem na frente resolveu tirar uma com o caipira:
— E aí, rapá! Levando os porquinhos para passear, cumpadi?
— É, sô! Os bichim nunca viro o mar, né!
— Só! — respondeu o carioca, em tom de deboche — E esses "bichim" tem nome?
— Tem sim sinhô... Essas duas aqui são fêmea... Elas se chamam Suatia e Suavó!
— Ah, é? — continuou o carioca — E essa aqui, deve ser Suamãe, acertei?
— Não, sô... Esse é macho! Chama Seupai... Sua mãe eu comi ontem!
Viajando pelo interior de Minas, o sujeito sente seu carro falhar e, sem alternativas, pára no acostamento.
Ele não entende nada de mecânica, mas como não há nada para se fazer, ele abre o capô, mexe de lá, mexe de cá e não chega a nenhuma conclusão, até que ele ouve uma voz misteriosa:
— Foi o cabo da vela que se soltou!
Ele olha para todos os lados, mas não vê ninguém e a voz insiste:
— Veja o cabo da vela. Deve estar solto!
Novamente ele não vê ninguém, além de um cavalo que estava junto à cerca. Então ele examina o cabo da vela e confirma: alí estava o defeito. Aliviado, ele liga o carro e segue o seu caminho. Logo adiante ele pára em um boteco, na beira da estrada para tomar um café e resolve contar o acontecido. Um dos presentes pergunta:
— De que cor era o cavalo que estava junto à cerca?
— Preto! — responde ele.
— Você deu foi sorte... — emenda outro caipira — Porque o cavalo branco não entende nada de mecânica!
O amigo chega pro Carzeduardo e fala:
— Carzeduardo, sua muié tá te traino co Arcide.
— Magina! Ela num trai eu não. Cê tá inganado, sô.
— Carzeduardo! Toda veiz que ocê sai pra trabaiá, o Arcide vai pra sua casa e prega ferro nela.
— Duvido! Ele num teria corage.
— Mais teve! Pode cunfiri.
Indignado com o que o amigo diz, o Carzeduardo finge que sai de casa, sesconde dentro do guarda-roupa e fiса olhando pela fresta da porta. Logo vê sua mulher levando o Arcide para dentro do quarto pra começar a sacanage. Mais tarde, ele encontra com o amigo, que lhe pergunta o que houve. E então, o Carzeduardo relata cabisbaixo:
— Foi terrive di vê! Ele jogou ela na cama, tirou a brusa... e os peito caiu... Tirou a carcinha... a barriga e a bunda dispencaro... Tirou as meia... e apariceu aquelas varizaiada toda e as perna tudo cabiluda. E eu dentro do guarda-roupa, cas mão no rosto, pensava:
"Ai... qui vergonha que tô do Arcide!"
A mulher estava na estação ferroviária, doida para descarregar a bexiga. Olhava para o relógio a todo instante e, pela hоrа, o trem já deveria ter chegado na plataforma há pelo menos dez minutos. Ela se contorcia daqui, se contorcia dali, até que não agüentou mais e foi ao banheiro. Quando voltou, o seu trem havia chegado, mas já havia partido.
— Oh, não! — fez ela, sentando-se no chão e derramando-se em lágrimas.
Nisto o mineiro, solidário, aproximou-se dela:
— Ô, Dona! Purquê esta choradera?
— É que eu fui mijar e o trem partiu! — explicou ela.
— Uai, mas a sinhora já num nasceu com o trem partido?