Zé, o mineirinho, pensou bem e decidiu que os ferimentos que sofrera num acidente de trânsito eram sérios o suficiente para levar o dono do outro carro ao tribunal.
No tribunal, o advogado do réu começa a inquirir o Zé:
— O senhor não disse na hоrа do acidente "Estou ótimo"?
— Bão, vô contá o que aconteceu. Eu tinha acabado di colocá minha mula na caminhonete...
— Eu não pedi detalhes! -interrompe o advogado. -O senhor não disse, na cena do acidente, "Estou ótimo"?
— Bão, eu coloquei a mula na caminhonete...
O advogado interrompe novamente:
— Meritíssimo, na cena do acidente este homem disse ao policial rodoviário que estava bem. Agora, semanas após o acidente, ele tenta processar meu cliente. Por favor, peça a ele que simplesmente responda a pergunta.
O juiz, que estava muito interessado na resposta do Zé, diz ao advogado:
— Eu gostaria de ouvir o que o ele tem a dizer.
— Como eu tava dizendo, coloquei a mula na caminhonete e tava descendo a rodovia quando uma picape travessô o sinal vermeio e bateu na minha caminhonete bem du lado. Eu fui pra fora do carro prum lado da rodovia e a mula vuô pru otro lado. Eu tava muito ferido e não podia me movê. Mais podia ouvi a mula zurrano e grunhino e, pelo baruio, percebi qui ela tava grave.
— E então?-pergunta o juiz, bastante curioso.
— Despois o policial chegô. Ele ouviu a mula gritano e foi até ela. Despois de dá uma oiada no вiсhо, ele pegô o revorve e atirô treis veis na mula. Despois atravessô a estrada com a arma na mão, oiô pra mim e falô que a a mula tava muito mal e teve qui matá ela. E aí ele preguntô si eu tava bem.
— E o que o senhor respondeu?-quis saber o juiz.
— Aí senhor juiz, si coloca no meu lugar... eu pensei bem no qui ele feiz com a mula qui tava ruim e respondi " Eu tô ótimo"!
Eu tenho o sono muito leve e, numa noite dessas, notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado. Mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranquilamente. Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não sabia e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível. 5 minutos depois liguei de novo e disse com a voz calma:
— Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal, estou retornando apenas para cancelar a viatura, já resolvi o problema. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações, o tiro fez um estrago danado no cara, também lancei uma granada no quintal, para ter certeza que não havia mais ninguém, a explosão arrancou as pernas e um braço do ladrão e ele esta agonizando no quintal agora. Só queria agradecer a atenção.
Passados menos de três minutos, estavam na rua 5 carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate e uma equipe de TV.
Ao chegarem, prenderam o ladrão em flagrante roubando o meu carro na garagem, e todos estavam surpresos por não ter encontrado uma cena de tragédia.
Um tenente se aproximou de mim e disse:
— Fui informado que havia matado o ladrão.
Eu respondi:
— Fui informado que não havia nenhuma viatura disponível...